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FARMACOECONOMIA2

O tabagismo é um fator significativo que contribui para dislipidemias e aumento dos níveis de glicose, elevando o risco de doenças cardiovasculares. Um estudo com 103 pacientes revelou que, apesar de não haver variações significativas nos níveis glicêmicos entre fumantes e não fumantes, os fumantes apresentaram alterações nos perfis lipídicos, como aumento do colesterol total e LDL. A pesquisa destaca a importância de monitorar os efeitos do tabagismo na saúde cardiovascular, especialmente em relação à aterosclerose.

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O tabagismo é um fator significativo que contribui para dislipidemias e aumento dos níveis de glicose, elevando o risco de doenças cardiovasculares. Um estudo com 103 pacientes revelou que, apesar de não haver variações significativas nos níveis glicêmicos entre fumantes e não fumantes, os fumantes apresentaram alterações nos perfis lipídicos, como aumento do colesterol total e LDL. A pesquisa destaca a importância de monitorar os efeitos do tabagismo na saúde cardiovascular, especialmente em relação à aterosclerose.

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INFLUÊNCIA DO TABAGISMO SOBRE OS PERFIS

LIPÍDICO E GLICÊMICO

Luciano Gimenes Silva1


Oedem Paulo de Almeida Junior2

1. Acadêmico do Curso de Farmácia da Universidade de Cuiabá, UNIC, Unidade Primavera do Leste, MT, Brasil.
2. Docente do Curso de Farmácia da Universidade de Cuiabá, UNIC, Unidade Primavera do Leste, MT, Brasil.

Autor responsável: L G Silva. E‑mail: [email protected]

INTRODUÇÃO pressão arterial, com a elevação do fluxo sanguíneo


nas artérias, aumento da contratilidade vascular, dimi‑
Na última década, o número de fumantes, no nuição do débito cardíaco e aumento dos níveis plas‑
mundo, era estimado em 1,1 bilhões de pessoas, dos máticos de glicose (PRIGOL, 2007). A importância do
quais 300 milhões, em países desenvolvidos, e 800 mi‑ problema cardiovascular devido ao tabagismo é gerado
lhões, em países em desenvolvimento, correspondendo pelo aumento nos níveis lipídicos, no qual o bloqueio
a um terço da população mundial adulta. Porém, nas do fluxo sanguíneo pode causar injúria e morte isquê‑
últimas décadas, houve queda no consumo de cigarros, mica do tecido cardíaco. Com isso ocorre o bloqueio
nos países desenvolvidos, e aumento, nos países sub‑ arterial coronariano resultando na aterosclerose, uma
desenvolvidos e mais populosos (ANDREIS, FRANKEN & doença progressiva que se inicia com depósitos lipídi‑
STIRBULOV, 1999). cos intracelulares em células musculares lisas da parede
De acordo com Menezes (2004), a Organização arterial interna. Tais lesões tornam‑se placas calcifi‑
Mundial de Saúde diz que o tabagismo deve ser con‑ cadas fibrosas, que estreitam ou mesmo bloqueiam as
siderado uma pandemia, já que, atualmente, morrem, artérias (VOET; VOET & PRATT, 2000).
no mundo, cinco milhões de pessoas por ano em con‑ Um dos maiores fatores para a formação de pla‑
seqüência das doenças provocadas pelo tabaco, o que cas ateromatosas é o tabagismo (SANTOS; DUARTE &
corresponde a aproximadamente seis mortes a cada se‑ TADDEI, 2006). Tendo as doenças cardiovasculares, in‑
gundo. Do total de mortes ocorridas, quatro milhões discutível papel na morbidade e mortalidade dos países
são do sexo masculino e um milhão do sexo feminino. desenvolvidos como nos em desenvolvimento (MATOS
Ainda não se sabe ao certo em que momento o et al., 2004).
hábito de fumar começa a prejudicar a saúde do in‑ As LDL (Lipoproteínas de baixa densidade) são
divíduo e quando o sistema de defesa do organismo formadas, principalmente na circulação, a partir das
começa a ficar debilitado. Os principais mecanismos VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa) e, pro‑
responsáveis por esta associação são complexos e so‑ vavelmente, da degradação dos quilomícrons. LDL é
mente parcialmente entendidos (FRANCO, 2006). a partícula lipídica mais aterogênica no sangue, pois
As principais conseqüências do tabagismo são a constitui cerca de dois terços do colesterol total plas‑
acentuada dislipidemia, com redução nos níveis de HDL mático. Os níveis elevados de LDL estão diretamente
(Lipoproteína de alta densidade) e aumento do LDL e associados no prognóstico de risco de aterosclerose co‑
triglicérides, provocando desta forma, a elevação da ronariana (PRIGOL, 2007).

Infarma, v.22, nº 11/12, 2010 49


O colesterol quando levado até as células via LDL indivíduos fumantes, realizando uma comparação com
é incorporado nas membranas celulares. O excesso é pacientes não fumantes. Levando em consideração a
convertido em ésteres de colesterol e transportado, via idade, o sexo, o tempo de exposição ao tabaco para
HDL para o fígado, onde é descartado na forma de áci‑ exames de glicemia e lipidograma. Dos exames relacio‑
dos biliares, secretados no intestino delgado. A quanti‑ nados ao lipidograma estão: Colesterol total, HDL‑co‑
dade de colesterol circulante que pode contribuir para lesterol, LDL‑colesterol, VLDL‑colesterol e Triglicérides.
a formação de lesões ateroscleróticas depende de como Através da análise dos resultados, pretende‑se
o colesterol é dividido entre o LDL e HDL (ANDRIOLO, mostrar alterações em exames laboratoriais de rotina,
2005). Com a elevação da concentração de LDL e sua os danos gerados ao metabolismo decorrentes do hábi‑
conseqüente oxidação, ocorre o aumento da viscosida‑ to de fumar, o que conduz a graves problemas de saúde
de sanguínea e da agregação plaquetária, elevando o ao indivíduo tabagista.
nível de fibrinogênio plasmático e estimulação adre‑
nérgica, reduzindo a concentração do HDL (CARVALHO
FILHO, ALENCAR & LIBERMAN 1996). MATERIAL E MÉTODOS
As HDL exercem importante papel na concentra‑
ção de colesterol nos tecidos. Atuam no retorno do co‑ Foram avaliados 103 pacientes do Laboratório das
lesterol dos tecidos periféricos para o fígado, onde é Nações e Laboratório Biolab, ambos no município de
removido na forma de ácidos biliares (PRIGOL, 2007). Primavera do Leste – MT durante o período de 15 a 27
Com a redução da concentração HDL ocorre a elevação de agosto no laboratório Biolab e no período de 28
de uma série de outras substâncias, como adrenalina, de agosto a 17 de setembro de 2009 no laboratório
aldosterona, antígeno carcinoembriônico e cortisol das Nações. Foi realizada uma pré‑analise, avaliando
(ANDRILO, 2005). Valores elevados de colesterol HDL é se o paciente é fumante ou não fumante, com idade
um fator de proteção, pois além do transporte reverso entre 30 e 50 anos, independente do sexo e se fazia
do colesterol, inibe a oxidação da LDL, atuando como o uso de algum medicamento que alterasse os exames
antiinflamatório e tendo efeito antiplaquetário e anti‑ como critério de exclusão do estudo, minimizando os
coagulante (ROSINI et al, 2005). interferentes possíveis. Sendo assim, submetidos aos
A LDL acaba sendo oxidada pelo uso do tabaco o exames de Colesterol Total (CT), VLDL‑colesterol (very
que promove a sua captação por parte dos macrófagos low density lipoprotein), HDL‑colesterol (high density
nas paredes das artérias. Podendo haver uma maior pro‑ lipoprotein), LDL‑colesterol (low density lipoprotein,),
babilidade de desenvolvimento de problemas cardíacos Triglicérides (TG) e glicemia em jejum.
em fumantes do que entre os não fumantes (VOET, VOET Os dados relacionados à idade, sexo, tabagismo
& PRATT, 2000). e interferência de medicamentos foram obtidos com a
De acordo com ROSINI et al (2005), o aumento do aplicação de questionário. A coleta de sangue foi reali‑
triglicérides isolado pode constituir um importante fa‑ zada por profissionais responsáveis dos laboratórios. Os
tor de risco para eventos coronarianos fatais, notando pacientes fizeram um jejum de 12 horas para ser reali‑
uma alta correlação entre os níveis séricos elevados de zada a punção venosa, não realizando qualquer tipo de
triglicérides e diminuídos de HDL. esforço físico ou consumo de bebida alcoólica. A partir
O tabagismo acelera o processo de envelhecimento do soro foram processadas as amostras de Colesterol
dos vasos arteriais onde determina problemas cardio‑ Total, Triglicérides, HDL e o plasma colhido em um tudo
vasculares como aparecimento da aterosclerose precoce contendo fluoreto para a análise da glicose. Os níveis
(MENEZES, 2004). A interrupção do habito de fumar po‑ séricos de Colesterol Total, HDL Triglicérides e plasmá‑
derá melhorar o prognóstico (ANDRIOLO, 2005). ticos de glicose foram determinados pelo método co‑
Ensaios clínicos concluíram que o tabagismo pode lorimétrico‑enzimático. Os níveis de LDL utilizando‑se
estar associado à diabetes melitus, produzindo a ace‑ a fórmula de Friedewald: LDL=CT‑(HDL+TG/5), e para
leração da doença coronariana e suas conseqüências, VLDL: Colesterol VLDL = Triglicérides / 5, para valores
mostrando assim, a importância das dosagens de glicose de triglicérides < 400 mg/dL.
e no percurso desse tipo de doença (MENEZES, 2004). Os exames foram determinados pelo método en‑
Este trabalho tem o intuito de avaliar a inter‑ zimático‑colorimétrico, no qual o laboratório Biolab
ferência do tabagismo sobre exames laboratoriais de utilizou para a análise da glicose, colesterol total,

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colesterol HDL, triglicérides os kits da Labtest®. Pelo tabagismo, no presente trabalho, quanto às variações
laboratório das Nações para as análises da glicose e nas taxas glicêmicas, não se observou alterações signi‑
colesterol total foram determinadas pelos kits Lab‑ ficativas. Isto pode justifica a falta de dados a respeito
test®, para análise realizada para a determinação do de outros fatores, tais como: uso de medicamentos, ati‑
triglicérides foi utilizado o kit Katal® e para se deter‑ vidade física e hábitos alimentares. Em respeito disso,
minar a o exame de colesterol HDL foi utilizado o kit deve se considerar que, em sua maioria os pacientes que
da Bioclin®. compõem o estudo são adultos jovens e de meia idade,
isto possivelmente confere alguma defesa aos efeitos
deletérios do tabagismo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo Rabelo (2001), Dos fatores de risco pre‑
sentes nos diabéticos, a hiperglicemia e as alterações
Dos 103 pacientes avaliados foram 23 fumantes lipoprotéicas são merecedoras de maior destaque. A hi‑
e 80 não fumantes, dos pacientes fumantes sua média perglicemia exerce um papel importante em problemas
foi de 41 ± 6,7 anos de idade, sendo que destes, 83% cardiovasculares, produzindo alterações estruturais e
eram do sexo masculino e 17% do sexo feminino. Os funcionais nas lipoproteínas, causando modificações
80 pacientes não fumantes tinham em média 41 ± 6,5 na biologia vascular, acelerando os eventos molecula‑
anos de idade, sendo que destes 28% eram do sexo res e celulares que levam à aterosclerose. A diabetes
masculino e 72% do sexo feminino. melito está entre as principais causas de dislipidemias
Em relação ao tempo de exposição de fumantes, secundárias, entretanto houve a ausência de pacientes
houve uma grande discrepância dos valores em rela‑ com diabetes melitus. Desta forma os níveis de glice‑
ção ao período do tabagismo ocasionando um desvio mia em jejum se apresentaram ≥ 100 mg/dL. O impacto
padrão muito acentuado. Logo que os pacientes não da glicemia sobre o risco para a doença cardiovascular
souberam dizer a quantidade de cigarros/dia e o perío‑ (DCV) também foi avaliado em indivíduos não‑diabé‑
do em que se iniciou o tabagismo. Ocasionando desta ticos. Dados de vários estudos reforçam a presença de
forma a ausência de valores em relação ao tempo de uma relação gradativa entre a glicemia e eventos car‑
exposição ao tabaco. diovasculares, caracterizando‑a como um fator de risco
No perfil glicêmico não houve variação conside‑ cardiovascular contínuo, assim como o colesterol sérico
rável entre os grupos de fumantes e não fumantes. O e a pressão arterial.
valor médio da glicemia (mg/dL) mais o desvio padrão
entre os fumantes foi 91 ± 10, enquanto que entre os Tabela 3. V alores de referência para Colesterol Total
não fumantes o valor foi 89 ± 14 (Tabela 2). (mg/dL):

Tabela 1. Valores de referência para glicose (mg/dL): Desejável < 200


Aceitável 200 – 239
Plasma 60 – 99 mg/dL Elevado > 240
Líquor 50 – 70 mg/dL
Tabela 4. V alores de referência para Colesterol HDL
Tabela 2. Valores (Média ± DP) do perfil glicêmico dos (mg/dL):
grupos fumantes e não fumantes.
Médio Alto
Colesterol
HDL Desejável Risco Risco
Fumantes Não Fumantes Mulheres (mg/dL) > 65 45 – 65 < 45
Exame
(Média ± dp) (Média ± dp)
Homens (mg/dL) > 55 35 – 55 < 35
Glicose (mg/dL) 91 ± 10 89 ± 14

Fonte: Laboratório Biolab e Laboratório das Nações, 2009 Tabela 5. V alor de referência para Triglicérides
(mg/dL):
Embora os dados na literatura mostrem a influên‑
cia sobre diversas alterações metabólicas exercidas pelo Triglicérides < 160

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Tabela 6. V alores de referência para Colesterol LDL porcionais ao triglicérides, estes seguiram da seguinte
(mg/dL): forma, Colesterol VLDL (mg/dL) mais o desvio padrão
do grupo de fumantes foi de 30 ± 12 e para o grupo de
Ótimo <100 não fumantes foi de 22 ± 10 (Figura 1).
Limiar ótimo 100‑129 A alteração com relação ao colesterol total foi
Limiar elevado 130‑159 significativa, já que essa dislipidemia esta relacionada
Elevado 160‑189 diretamente com doenças cardiovasculares e ateroscle‑
Muito elevado ≥190 rose, mas devendo ser entendida como uma condição
inserida em um cenário mais abrangente.
Obs.: os valores de referência para Colesterol VLDL são proporcionais ao triglicéri‑
des, devido o seu cálculo. A influência do tabagismo parece ser menos
acentuada nas mulheres, porém alguns estudos têm
demonstrado que mulheres cujo hábito de fumar é si‑
milar ao dos homens, apresentariam risco semelhante
de morbidade e mortalidade por doença coronária. Em
relação às várias manifestações da doença ateroscleró‑
tica, observa‑se que a influência na mulher é mais evi‑
dente para a doença vascular periférica e menos para
a doença do miocárdio e cerebrovascular (CARVALHO
FILHO, ALENCAR & LIBERMAN 1996).
Estudos mostram que entre indivíduos fumantes
há a tendência de se diagnosticar níveis lipídicos e
lipoproteínas plasmáticas alteradas, com valores até
Figura 1. Valor médio do perfil lipídico dos grupos fumantes e não fumantes.
duas vezes maiores do que entre os não fumantes, ten‑
do índices mais desfavoráveis para as mulheres (SCHE‑
NIDER, REMPEL & HOERLLE 2008).
No perfil lipídico houve algumas alterações signi‑ O elevado valor das concentrações de lipídeos
ficativas em relação à concentração sérica dos fuman‑ séricos de um fumante se deve em decorrência de
tes em comparação com não fumantes. O valor médio uma maior secreção de substâncias oxidativas pelas
do colesterol total (mg/dL) mais o desvio padrão dos células da parede arterial induzida pela presença de
fumantes foi de 220 ± 35, enquanto que os valores dos nicotina e monóxido de carbono na corrente sanguí‑
não fumantes foi de 181 ± 33 (Figura 1). Esta é uma nea. Com isso a capacidade de oxidação de lipídeos
diferença bastante significativa, onde devemos con‑ circulantes tende a aumentar e se potencializar, ele‑
siderar que, os valores observados entre os fumantes vando, por sua vez, suas concentrações plasmáticas.
apresentam‑se acima do valor de referência, enquanto Com um processo mais intenso de oxidação, poderá
que o valor médio entre os não fumantes enquadrou‑se ocorrer um acúmulo de éster de colesterol em macró‑
dentro dos valores considerados normais. fagos, havendo a precipitação, desse modo, a forma‑
Das frações do colesterol, o valor médio do coles‑ ção de células espumosas e de placas ateroscleróticas
terol HDL (mg/dL) mais o desvio padrão dos fumantes (GUEDES et al, 2007).
foi de 51 ± 11, não havendo diferença significativa em No presente estudo observou‑se uma ligeira ele‑
relação ao grupo dos não fumantes, cujo resultado mé‑ vação do colesterol total, colesterol LDL, colesterol
dio foi de 56 ± 17 (Figura 1). VLDL e triglicérides entre o grupo de fumantes. Em‑
Quanto ao colesterol LDL, a média mais o desvio bora, os níveis médios dos parâmetros analisados es‑
padrão no grupo fumante foi de 122 ± 39 mg/dL, en‑ tejam dentro dos valores de referência considerados
quanto no grupo de não fumantes este valor se mante‑ normais, a elevação destes predispõe, principalmente,
ve em 102 ± 33 mg/dL (Gráfico 1). a doenças cardiovasculares, sendo o tabagismo um
O valor médio do triglicérides (mg/dL) mais o des‑ dos principais fatores de risco para aterosclerose (ME‑
vio padrão foi de 149 ± 59 para o grupo de fumantes NEZES, 2004). Quanto mais elevada o colesterol LDL,
e 109 ± 54 para o grupo de não fumantes (Figura 1). mais freqüente a doença aterosclerótica do coração
Como os valores do colesterol VLDL (mg/dL) são pro‑ (DAC), e quanto mais elevado o colesterol HDL, menor

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o risco de contrair essa doença (SCHNEIDER, REMPEL & REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOERLLE 2008).
De acordo com as observações feitas, as reduzidas ANDREIS, Monica; FRANKEN, Roberto A.; STIRBULOV, Roberto. Estra‑
taxas de colesterol HDL representam um maior risco tégias de combate ao tabagismo: a experiência de um hospital
escola: Liv. de atual. em pneumo, São Paulo, v. 4, p. 1‑10, 2001.
de doenças coronarianas, atuando como fator protetor
contra cardiopatias isquêmicas (PRIGOL, 2007). ANDRIOLO, Adagmar. Guia de medicina laboratorial e hospitalar de
Os valores de triglicérides, colesterol HDL, coles‑ medicina laboratorial. Barueri: Manole, 2005.

terol LDL e colesterol VLDL observados entre os grupos CARVALHO FILHO, Eurico Tomaz de; ALENCAR, Yolanda Maria Garcia
(fumantes e não fumantes), apresentaram‑se dentro de; LIBERMAN, Sami. Fatores de risco de aterosclerose na me‑
dos valores limítrofes permitidos. Porém, deve‑se res‑ nopausa: Arq. bras. de cardiol., São Paulo, v. 66, n. 4, p. 37‑48,
1996.
saltar que o tabagismo é uma das principais causas
da aterosclerose (LIMA & GLANER, 2006), mesmo em FRANCO, Yoko Oschima et al. Influência do tabagismo sobre as análi‑
indivíduos com níveis de lipídios séricos normais, ob‑ ses laboratoriais de rotina: um estudo piloto em adultos jovens.
Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., Sorocaba, v. 27, n. 3, p. 247‑251,
serva‑se que o hábito de fumar também interfere em 2006.
varias etapas no transporte reverso do colesterol, mes‑
mo na ausência de dislipidemias, confirmando assim o GUEDES, Dartagnan Pinto et al. Uso do tabaco e perfil lipídico‑lipo‑
protéico plasmático em adolescentes. Rev. assoc. med. bras., São
risco do tabagismo na formação de placas ateromatosas Paulo, v. 53, n. 1, p. 59‑63, jan./fev. 2007.
(FRANCO, 2006).
LIMA, William Alves; GLANER, Maria Fátima. Principais fatores de
risco relacioandos às doenças cardiovasculares. Rev. bras. de ci-
neamtropom. & desempenho hum., Brasília, v. 8, n. 1, p. 96‑104,
CONCLUSÕES 2006.

Neste estudo, foi possível observar que a exposi‑ MATOS, Maria de Fátima et al. Prevalência dos fatores de risco para
doença cardiovascular em funcionários do Centro de Pesquisas
ção ao tabagismo causa alterações, mesmo que sutis, daPetrobrás. Arq. bras. de cardiol., Rio de Janeiro, v. 82, n. 1,
nas concentrações do colesterol e suas frações, além do p. 1‑4, 2004.
triglicérides, os quais compõem o lipidograma dos pa‑
MENEZES, Ana M. B. et al. : Diretrizes para cessação do tabagismo
cientes. Esta constatação é de grande relevância, uma Jor. bras. de pneumo, São Paulo, v. 30, p.3‑7, 2004.
vez que elevados níveis de LDL oxidado e baixas con‑
centrações de HDL são fatores predisponentes de doen‑ PRIGOL, Marina et al. Efeito do tabagismo sobre o perfil lipídico e
suas implicações em detentos internos do Presídio Estadual de
ças cardiovasculares, principalmente aterosclerose, que Erechim‑RS. Rev. Bras. Anal. Clin. 39, n. 1, p. 3‑8, jan./mar.
por sua vez figuram entre as principais complicações 2007.
associadas ao hábito de fumar.
RABELO, Lísia Marcílio. Fatores de risco para doenças ateroscleróti‑
O fato de que, com exceção do colesterol total, cas na adolescência. Jor. de pediatria, v. 77, p. 153‑164, 2001.
nenhum dos fatores avaliados apresentou‑se fora dos
valores de referência em ambos os grupos analisados. ROSINI, Nilton et al. Prevalência e associação de dislipidemias em
pacientes com três fatores de risco associados para doença car‑
Os valores dentro da normalidade entre os fumantes diovascular: hipertensão, tabagismo e histórico familiar. News-
indicam que estes parâmetros bioquímicos são afetados lab, v. 71, p. 130‑135, 2005.
por múltiplos fatores, tais como hábitos alimentares,
SANTOS, Arnaldo; DUARTE, Linda de Fátima M.; TADDEI, José Augusto
atividade física, idade e uso de medicamentos. Median‑
de A. C. Dosagem de colesterol e fatores de risco para hiperli‑
te a isso, não se pode descartar os efeitos deletérios pidemia em adolescentes de uma escola estadual de São Paulo:
do tabagismo sobre o organismo, mesmo diante dos Rev. Paul. Pediatria, São Paulo, v. 24, n. 3, p. 239‑243, 2006.
resultados favoráveis aqui mostrados.
SHENEIDER, Paulo Roberto; REMPEL, Claudete; HOERLLE, Jairo Luís.
Deve‑se relacionar a prática de atividades saudá‑ Perfil lipídico dos usuários dos postos de saúde do município de
veis para garantir uma boa qualidade de vida e valores Arroio do Meio, RS, Brasil: Cons. saúde, São Paulo, v.7, n. 3, p.
médios glicêmicos e lipídicos dentro dos valores consi‑ 335‑342, 2008.

derados normais, prevenindo ou retardando o apareci‑ VOET, Donald; VOET, Judith G.; PRATT, Charlotte W. Fundamentos de
mento de problemas cardiovasculares e dislipidemias. bioquímica. Porto Alegre: Artmed, 2000.

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